Uma sugestão de atividade Multidisciplinar: PIP/CBC
MUDANDO PARADGMAS –
UMA PRÁTICA INTERDISCIPLINAR
“Sabemos que para resgatar a
autoestima e a confiança do aluno em si mesmo e em suas potencialidades
pressupõe acolhê-lo como ser presente, produtor e portador de ideias, capaz de
obter sucesso em seu processo de aprendizagem. Ensinar este aluno significa
possibilitar-lhe um tempo para trabalhar seus interesses, suas vivências, suas
afetividades.”
Sabemos que o PAV se
distancia do ensino tradicional e que exige uma metodologia ativa e
participativa. Portanto precisamos priorizar o trabalho em equipe e a expressão
oral e artística.
O aluno tem uma bagagem
cultural que precisa ser respeitada.
Nós precisamos entender que
só educamos a quem encantamos e conseguimos conquistar. E o caminho mais
adequado para o PAV é por meio da arte e da interdisciplinaridade.
Para que o aluno me perceba
como professor eu devo acolher seus hábitos, suas vivências e suas preferências
e depois da conquista apresentá-lo o que eu tenho a oferecer. E eu devo trazer
atividades que o aluno identifica em seu cotidiano, se quero ensiná-lo música
clássica, primeiro devo ouvir a música que ele ouve. Depois ele terá abertura
para conhecer minhas preferências musicais.
Alguns questionamentos ou
provocações...
- Você gosta de rap?
- Conhece alguma música ou
rapper?
- Você conhece Chico Buarque?
- Gosta das musicas dele?
-E de MPB?
Você acha que o aluno deve
conhecer as músicas clássicas, jazz, MPB, etc.
Então vamos um vídeo. (Chico
Buarque- Cálice)
Comentário: a música é
adequada para o perfil dos meus alunos?
Mas eu devo ensiná-la?
Vamos ver outro vídeo 2-
(Paródia da música do Chico - Crioulo)
Comentário: o teor da música
e da intertextualidade. O rapper trouxe para a contemporaneidade os problemas
vividos pelos jovens.
E agora o último vídeo- (Chico
cantando Crioulo que canta Chico)
Confirmando a possibilidade
da intertextualidade e o valor do rapper.
Então partindo do princípio
de que devemos partir do contexto do aluno a música oferece muitas
possibilidades para as atividades interdisciplinares.
Algumas sugestões de atividades interdisciplinares:
Arte- O
professor pode explorar a letra, a melodia, o estilo, a dança e o contexto da
mesma, além de propor uma atividade de grafitagem em equipe representando a
ideia central da música. Se for possível, a escola pode oferecer os muros para
serem pintados.
Geografia- O
professor pode explorar os espaços urbanos comentados na música – O centro e a
periferia, a organização, a arquitetura, os espaços públicos, praças, ruas,
calçadas e outros.
História- O
professor de história pode discutir o contexto político da época em que foi
feita a música do Chico, etc. a ditadura, e o contexto atual.
Ciências- O professor pode estudar com os alunos as substâncias
químicas e seus efeitos no corpo humano.
Matemática- O professor pode explorar estatísticas de
desemprego, ou de mortes relacionadas a violência provocada pelas drogas,
fazendo uma conscientização com os alunos, ou trabalhar as formas
geométricas tomando como referência a simetria do cálice.
Língua Inglesa- O professor de Língua Inglesa pode relacionar o rap
brasileiro ao rap americano e propor o estudo do vocabulário comparando as
letras e os temas tratados em ambas as correntes. Exemplo Crioulo e Jay-Z.
Língua Portuguesa- O professor de Língua Portuguesa pode propor um debate
sobre o preconceito racial, a fim de combater a discriminação e semear o
respeito, a pluralidade cultural dos povos resultando numa produção de textos.
Educação Física- O Educador Físico pode propor aos alunos que criem
coreografias inspiradas na música, respeitando as características do rap.
O
resultado final de cada atividade de cada disciplina pode ser transformado em
uma expressão artística e apresentado para toda a escola em forma de feira
cultural festival, ou exposição.
Letras das músicas-
Cálice
Pai!
Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai!
Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como
beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai!
Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é
difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai! Afasta
de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito
gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai!
Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o
mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)
Cálice
Como ir pro trabalho sem levar um tiro
Voltar pra casa sem levar um tiro
Se as três da matina tem alguém que frita
E é capaz de tudo pra manter sua brisa
Os saraus tiveram que invadir os botecos
Pois biblioteca não era lugar de poesia
Biblioteca tinha que ter silêncio,
E uma gente que se acha assim muito sabida
Há preconceito com o nordestino
Há preconceito com o homem negro
Há preconceito com o analfabeto
Mais não há preconceito se um dos três for rico, pai.
A ditadura segue meu amigo Milton
A repressão segue meu amigo Chico
Me chamam Criolo e o meu berço é o rap
Mas não existe fronteira pra minha poesia, pai.
Afasta de mim a biqueira, pai
Afasta de mim as biate, pai
Afasta de mim a coqueine, pai
Pois na quebrada escorre sangue,pai.
Pai
Afasta de mim a biqueira, pai
Afasta de mim as biate, pai
Afasta de mim a coqueine, pai.
Pois na quebrada escorre sangue.